GADO DE CORTE - MENOS TEMPO, MAIS LUCRO
Data de Publicação: 08/06/2024 às 07:00:00
Reduzir o tempo de permanência do animal no pasto é um passo importante para aumentar a lucratividade do negócio. Elevar em até 30% os lucros dos pecuaristas é a proposta do "Boi 7.7.7", tecnologia desenvolvida pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) para a produção de gado de corte. O trabalho foi conduzido no Polo Regional da Alta Mogiana da APTA, localizado em Colina (SP), e seu conceito surgiu durante o curso “Pecuária do Conhecimento”, idealizado pela empresa Phibro, em parceria com a agência. Segundo Stefan Mihailov, presidente da Phibro no Brasil, a proposta é produzir um gado jovem e com mais peso, sinônimo de maior produtividade, maior rentabilidade e menor pressão sobre o meio ambiente.
O sistema tem como objetivo produzir em no máximo dois anos um animal com sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda, totalizando 21 arrobas no momento do abate. Com isso, o criador reduz em um ano o tempo de permanência do animal no pasto e aumenta em três arrobas o peso final quando comparado ao sistema tradicional de produção, em que se atinge 18 arrobas em, no mínimo, três anos.
Atingir 21 arrobas em um período 30% menor requer planejamento e estratégias. "É necessário que sejam utilizadas diversas ferramentas para atingir esse resultado. O trabalho envolve, principalmente, manejo de pasto e suplementação alimentar", explica Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador da APTA. Alaor Ávila Filho, pecuarista de Indiana (GO), é um dos usuários da tecnologia chamada Boi 7.7.7. Ele começou a adotar o sistema de suplementação intensiva em 2014. Na época, atingia a média de seis arrobas por cabeça, por ano. A lotação de animais passou de 1,5 UA/ha para 2,4 UA/ha, de 450 kg cada.
Ávila conseguia produzir, em média, 15 arrobas por hectare, por ano. No histórico da sua propriedade, a melhor produção, até então, era de 20 arrobas por hectare. Com a pesquisa paulista, o produtor goiano consegue produzir, atualmente, 31 arrobas, por hectare, por ano. “Foram três mudanças substanciais ao adotar a tecnologia. O investimento inicial foi três vezes maior, mas como a produtividade foi muito mais alta, o custo da arroba produzida caiu pela metade. Com isso, a rentabilidade da operação aumentou substancialmente”, afirma. Descontados todos os custos de produção, o lucro líquido por hectare saltou de R$ 900,00, por hectare, para R$ 2.060,00 (valores referentes a 2016/2017 aproximadamente). O criador adquire animais de sete arrobas, engorda e depois envia para um confinamento terceirizado, onde é feita a engorda das sete arrobas finais para abate. “Minha produção saltou de cerca de 1380 animais, por ano, para 2.500”, conta Ávila, cujo processo produtivo é certificado e direcionado à exportação. A tecnologia viabiliza também a produção de animais inteiros (não castrados), com mais gordura de cobertura.
Difusão da Tecnologia
Segundo a APTA, produtores de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rondônia já começaram a adotar a tecnologia. O Boi 7.7.7 também vem sendo difundido em todas as etapas do Circuito ExpoCorte, que ocorreu em Campo Grande e agora segue para Uberaba, Araguaína e Ji-Paraná.
Passo a passo da tecnologia
Para atingir 7@ na desmama, 7@ na recria e 7@ na engorda a pasto, alguns cuidados devem ser tomados. Confira:
Cria/Desmama
- Boa genética e boa condição corporal da vaca ao parto são fundamentais.
- Tudo começa na barriga da vaca. As fibras musculares são produzidas nos dois primeiros terços da gestação. Sem nutrição apropriada, não haverá a formação adequada das fibras musculares, prejudicando o potencial de ganho de peso desse animal em toda sua vida.
- Suplementação das vacas no 2º terço da gestação para compensar o período de seca com pastos ruins, como ocorre no Brasil Central.
- O bezerro, com 30 kg ao nascer, tem que atingir 210 kg na desmama. Em estudos realizados, o uso de aditivos melhoradores de desempenho, como a virginiamicina, proporciona 0,5 @ a mais na desmama, além de encurtar a estação de monta.
Recria*
- Na fase 1 – Bezerros desmamados enfrentam a primeira seca (150 dias): Fornecimento de proteinado, sendo consumo médio de 0,720 kg/dia (proteinado 0,3% Peso Vivo)
- Na fase 2 – Águas (210 dias): Consumo médio 0,345 kg/dia (proteinado 0,1% Peso Vivo)
- O ganho de peso diário adicional com o uso de aditivo é de 110 gramas/cabeça/dia, o que corresponde a 1,2@ adicionais
(*Assumindo o bezerro desmamado com 7@ e considerando as condições da pastagem no Centro Oeste).
Fonte: Phibro
Engorda a pasto
- Nesta fase os animais enfrentam a segunda seca (120 dias). O recomendado é a oferta de ração 2% do peso vivo, consumo médio 10 kg/dia (ração 2% Peso Vivo).
- Fornecimento de aditivo proporciona mais 0,4@.
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Autor: Revista ABCZ
Fonte: Matéria Retirada da Revista ABCZ - Edição 87 - Páginas 64 e 65